Insano silencio nocturno criativo

Profundamente da Existência elementar, linhas colocadas em carreira de tiro caem sobre vosso olhar (duras secas nodosas_

quarta-feira

excerto de uma origem

Nas longas margens do rio
as sombras encostavam na leve ondulação
o céu cinzento espalhava-se no horizonte infinito
seus olhos centravam-se na montanha
naquele pequeno ponto que se esbatia na fímbria
pássaros voavam
quando no promontório uma leve brisa se soltava
brincando com seus cabelos
o sol cansado deu lugar à lua cheia que iluminava a noite cerrada
essa que percorria os mares e oceanos que rodeavam a terra
esta luz que percorria os campos de trigo
pelas planícies esventradas pelo vento
acabava naquela aldeia remota, recôndita e básica
aos primeiros raios de sol os homens saíam para a montanha para o seu ventre
enquanto as mulheres começavam por se apressar para a labuta diária
as crianças faziam a barafunda do costume
os mais velhos ajudavam nas tarefas
já se ouviam os primeiros chilreares dos pardais e das andorinhas
foi quando estes desapareceram
mais as crianças que se perderam na correnteza dos anos para os formigueiros incontáveis das cidades
os homens engolidos pelo ventre da montanha
só restaram as mulheres para compor os remendos da manta da aldeia
com os seus longos cabelos a tornarem-se brancos
a terra ser cada vez mais violada
eram apenas uns pares de pernas que percorriam o que outrora
era um ponto de passagem
muito importante para exércitos
rotas de especiarias
peregrinos
e até o Diabo_

à minha amiga bety claro

insanos pensamentos

e agora vejo que num horizonte longincuo
que se escapa como os grãos de areia vejo claramente
as tuas rugas adensarem-se mim_