Insano silencio nocturno criativo

Profundamente da Existência elementar, linhas colocadas em carreira de tiro caem sobre vosso olhar (duras secas nodosas_

segunda-feira

a deusa

subi às torres acima descritas

olhando para baixo contemplava as águias brancas

continuei a subir as escadas íngremes

moldei o vento com meu cabelo

senti o ar rarefeito

e foi aí que vi

no mais alto degrau, senti o tempo, a sua origem

peguei na maçaneta, rodei-a e abri a porta

a escassa janela que detinha aquele quarto

numa cama já muito gasta

vislumbrei e senti a sua respiração

se calhar estaria ainda vivo

fui ver

ao caminhar para perto de sua cama, a porta fechou-se

senti meu coração apertado, já não podia sair e fiquei como que

momentaneamente cego

cheguei e sentei-me na cama e foi aí nesse momento

que comecei a falar com o estranho

ele de pensamentos distantes

como que vagueava por planícies longíncuas

sentia o gotejar do orvalho

nas plantas inacabadas dos jardins de Alexandria

e foi aí que vi uma lágrima correr pelo seu rosto

ele levantou-se e caminhou para a janela

depois soltou uma gargalhada e perguntou-me «ao que vens,

porque caminhas


eu, bem eu vi que a voz era jovem e isso surpreendeu-me

"venho do trigo e caminho para ti, porque te encerras ?" respondi-lhe

fez uma pausa, respirou fundo e virou-se para mim

observei a sua silhueta que se sentou ao pé de mim

pegou na minha mão e pôs-se a percorrer as linhas com

seus dedos gentis

de seguida disse «descansa que a tua jornada foi longa,

eu agora tenho de sair


deitei-me sem sequer lhe retribuir e realmente estava cansado

as mil dúzias de lances de escada

tinham-me feito obedecer que nem um gatinho

quando saiu pela porta, foi aí que eu vi pela primeira vez as suas asas

mais tarde chegou, abriu a porta levemente

parecia ofegante, cansado

abeirou-se da cama e deixou-se cair

levemente tocou-me no rosto e anichou-se a meu lado a dormir_