Insano silencio nocturno criativo

Profundamente da Existência elementar, linhas colocadas em carreira de tiro caem sobre vosso olhar (duras secas nodosas_

segunda-feira

tactei-o com a vista;
as mãos falam
quando era suposto ouvirem
outras cantam e abarcam
num jogo sem derrotas
E as mãos?
essas agarradas a um dogma
descrevem apenas para o suporte imediato
todo o movimento do dado
entrelaçado no ar
seduzindo a mais ínfima partícula
desnudando toda a veste
acabando por agarrar e ser agarrado
para novamente se lançar
na fímbria do ar; mas somente agora revela o seu eu
e quando acaba de rodar
as suas seis vestidas faces
delicadamente embrulhadas pela norma social
onde os dois cruzam nos quartos
e as seguintes associações levam ao sétimo andar,
eis-me presente naquele momento
onde sentia
profundamente sentia
todo aquele cheiro todos aqueles passos
mais a face

aquela enormíssima face a descoberto
outros olhos naquele mar repleto
eu
eu e mais eu novamente eu
vi ouvi senti
tornei a ver a ver a ver a ver e agora descrevo:
a face era simples
para muitos banal
a face sorria
cantava chorava mais tarde se alegrava
a face pura e simples
negava
aborrecida entediada e mesmo até sofria
mas a face era tudo e nada
nada e tudo
assim quando mais ninguém se apercebeu
ela leu em voz alta
tudo parou pois interessado estava
o nada esse perdeu-se na soma
depois
tudo compreendeu ficando nada com os pontos}
Foi assim
simples e verdadeiro, mas apenas
só um mero pormenor para a posteridade:
todos os dados
descritos e lançados
são puramente observados
por este facto nada ganhou;
ganhou o facto de ser visto
e de ter importância
na ânsia do olhar
mas aquele detalhe que não foi dito
é que o dado original
possuí-a o oito
que só era mostrado
quando... bem o melhor é perguntarem à face
ou a tudo
que sabe o que a face disse diz e dirá_

terça-feira

envio esta mensagem
num papel seco
transportado por um pássaro de fogo
que está a dieta de água,
espero por isso
que a mensagem vos chegue já crescida
pois epero
que teha apanado o sol suficinte;
vamo lá etão coneçar:
esta brisa aguar.ou..d...lev....nos tril..s....de..........._

sexta-feira

nunca soube tudo
sobre nada!



frase do júnior Bush
em resposta a um alegado envolvimento de dopping numa equipa de basebol,
da qual ele foi presidente.

quinta-feira

rumava
não sei por onde
era um emaranhado de arbustos seiva e rocha
sentia o chão pela areia
que se infiltrava e adornava minha pele;
a luz faltava, mas eu continuava
perseguia o que sentia
trilhava nas raízes soltas
e foi aí nesse preciso momento que parei
eram belos os seus passos e aquele riso solto
mais a folhagem que perdurará
em toda a minha extensão;
podiam ser três dias
oito horas
ou imensos segundos,
o tempo, virava virava virava
não era para contabilizar
ou teorizar
fiz o que tinha a fazer......... e regressei_

terça-feira

Através dos sentidos
compreendi a felicidade
pela descodificação profunda das emoções:
brilho na forma mais pura
e na escuridão não me encontras
busco a imaterialidade
num trilho que persigo;
por ora, já não existem quimeras a meus olhos
cheiro-as toco-as
em todos meus sentidos;
lentamente desfaço minhas asas
a meu mando por meu trago
caminho no chão_



boleio e tu?

hiato breve
este origina, ao
indivíduo do tempo de
gestão na falta; ao sem_

sexta-feira

encantando-se pelas cartas que pairavam no ar
agarradas afincadamente

pelas patinhas dos singelos pombos
ela se perdia nos livros

quando se abeirava para a lenta morte;
conheci-a no extremo oposto da realidade
aquando do seu império ruído
tal como peças de dominó
ela aspergia, vomitando todo o seu suor
num breve suave texto;
depois cantou para mim
quando os pássaros que soltavam pesos disformes e moles
chegavam ao seu destino
abocanhados por megabytes à solta
feridos pela facilidade do teclado
mortos por marionetas dependentes,
ela ali ficou
despida para mim;
eu cobria rapidamente pelos perigos vários
e até hoje a transporto
no meu pequenino diário_

quinta-feira

olá
estoy despido de preconceitos
porque praticamente fumei três berlights, tranquei
cavalo e entornei 4 litros de carrascão pelo cano do hipotálamo abaixo;
aquele sítio onde as moelas se misturam com as varizes
colocadas em locais estatrégicos; tais como os conceitos bélicos_



dedicado a todo o pessoal que o leu pela primeira vez
(naquele refundido cabo desgraçado pelo mar_

quarta-feira

Hoje
hoje não há nada; porque uma branca
apossou-se do meu cérebro,
ela que sorrateiramente invadiu minhas veias_

terça-feira

perdia-se atarefada
em momentos de trabalho contínuo,
fragmentos temporais
onde moldada suas formas
cobrindo com suor tépido
a mais vincada ruga
dessas por demais
que lhe desenhavam um rosto bonito sereno e encantado
mas era hoje que dedicavam-lhe
um sono curto
no mundo onírico, ela lá estava
com tudo o que lhes dão, uma hipócrita ilusão
mais um pedaço de pão
seco e duro
menos pesado que a mão
mas saboroso para esses
este dia de liberdade virtual condicionada
assim
ela trabalhava, a cumprir pena pesada
quando as bestas chegavam a casa
ela somente dizia - XETÁ_


o dia é todo o ano, ininterruptamente_

segunda-feira

palavras que perduram no tempo
seco e duro liso rugoso e molhado
palavras macias
que encantam com a magia temperada
a mais leve pedra que cresce no meu quintal
umas vezes regado
outras pisado
mas sempre por mim guardado
em tempos de vendaval
as socorro e guardo; para finalmente as libertar
num tempo que não é só meu
e como as admiro a esvoaçar; lá longe, perto de quem as guardar_

domingo

certo dia
quando a noite se aventurando por caminhos se perdia
um certo e discreto pássaro
poisava nos arames do meu estendal;
suas asas amarelas
turquesas e salpicadas de branco
indagavam por aventuras
nas emaranhadas e entrelaçadas linhas cruzadas
que mais tarde se desmenbravam
posteriormente
se completavam, nas andanças dos poucos saltimbancos
sobreviventes
que actuavam à luz dos pirilampos
pois o sol ardia a sombra
auxiliado pela água
na esquina da casa redonda
que dava para as traseiras de minha casa_

CCB março

Cirque invisible

--- a magia dos sentidos num espectáculo de sonhos e criatividade
criado por Victoria Chaplin e Jean Batiste Thierrèe ---

de 8 a 12 de março às 21h

preços mais baixos que os U2 (e sem tempo de espera para comprar bilhetes)

sexta-feira

um beijo encapuçado fugia naquela maligna noite;
atravessava o rio seco, para se anichar
no rosto que me completava com um sereno olhar_

para ti

quarta-feira

quando a porta do tempo se fechou
eu vi os malmequeres voadores derreterem-se
vigorosos troncos implodiam
libertando no ar poeira
que se encadeava no tornado
assim eu espreitava
na fechada porta do tempo
ah como lamento o passado
o tempo perdido
o beijo não dado
agora que o tempo não me é revelado
num futuro esgotado
triste abandonado
tenho que descobrir a chave que abre o cadeado
para recuperar o tempo
um tempo que é só meu
e só estou
quando a porta se fechou_



para um moço teimoso #

transportas-me para uma
melodia inefável
preenchida em campos solos
onde a faixa circundante cria impreterivelmente
o rasgo maculado do
silêncio audível_


escritos para arikel

terça-feira

Significânsia encrustada em
pequenas bolas redondas enormes
são gananaciosamente
retiradas
por brocas pesadas disformes e gulosas
enquanto o vento levanta
os importantes grãos de areia
tão piquenos comos as bolas redondas_

? se a vida fosse um dado estarias em que face_
? se o trabalho fosse um jogo de xadrez qual era a tua peça_
? se o prazer estivesse no Oceano, em que profundidade estarias_
? se a felicidade não existisse o que te faria viver_
? se os pensamentos não se exprimissem e os actos fossem calculados mecânicamente seríamos seres racionais ou meticulosamente perfeitos [à semelhança de uma marioneta_